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Marçal diz que busca os ‘códigos da segurança’ em El Salvador, onde regime de exceção de Bukele virou política pública

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“Vim atrás dos Códigos da Segurança Pública para levar para nossa cidade de São Paulo”, anuncia o empresário Pablo Marçal (PRTB) em postagem nas redes sociais enquanto viaja por El Salvador. O candidato a prefeito tenta agendar encontro com o presidente salvadorenho, Nayib Bukele, que atingiu notoriedade ao estabelecer uma política de “zero homicídios” no país da América Central por meio de medidas controversas de repressão que foram contestadas por organizações internacionais de defesa dos direitos humanos.

A ideia de Marçal é descobrir os “erros e acertos” que fizeram El Salvador sair de um “quadro de alta criminalidade para um dos países mais seguros do mundo”. O governo alega que a nação de 6,3 milhões de habitantes, cerca de metade da capital paulista, conseguiu ter 695 dias sem registro de homicídios em 24h (a taxa oficial de assassinatos foi de 154 em 2023, o equivalente a 2,4 a cada 100 mil habitantes). O que o candidato não conta é que o governo de Bukele articulou um regime de exceção com o Parlamento que já dura dois anos e meio para combater o crime organizado.

O estado de exceção permite prisões sem ordem judicial, suspende a liberdade de associação e o direito a habeas corpus e estende o período de prisão provisória. Para abrigar parte dos milhares de detidos, Bukele ordenou a construção de um presídio para 40 mil detentos na zona rural da cidade de Tecoluca, centro do país. O Centro de Confinamento Contra o Terrorismo (Cecot) foi inaugurado em janeiro de 2023.

Relatório da Anistia Internacional publicado no primeiro ano da medida afirma que o estado de sítio decretado por Bukele levou a “violações em massa dos direitos humanos” e detenções arbitrárias. Cerca de 70 mil pessoas foram detidas no período, através de rondas policiais e militares nas comunidades. De acordo com a Human Rights Watch, o governo de Bukele cometeu “violações generalizadas dos direitos humanos”, incluindo prisões arbitrárias, desaparecimentos forçados, tortura e mortes sob a custódia do Estado.

Ao mesmo tempo, a postura rendeu a Bukele altos índices de popularidade. Ex-prefeito da capital San Salvador, ele foi eleito presidente com 54% dos votos, em 2019. Cinco anos depois, foi reconduzido ao cargo para um segundo mandato com mais de 80% dos apoios. Empresário do setor de publicidade, Bukele adota discurso antissistema, a exemplo do que Marçal tenta emplacar em São Paulo.

O ex-coach embarcou ontem para o exterior e pretende visitar ao menos três países durante o seu tour. Marçal alega que está empenhado em “internacionalizar” a campanha para conhecer boas práticas de gestão.

Ele faz mistério se estará presente no ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista, neste sábado, feriado de 7 de setembro. O evento seria uma forma de acenar ao eleitorado bolsonarista na cidade, estrato em que aparece em vantagem, mesmo com o apoio formal de Bolsonaro ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), mas o associaria à principal pauta do movimento: a de atacar o Judiciário e pressionar pela abertura do impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

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