Enquanto isso ,o Twitter (X) segue sangrando
Confessa: sua vida está bem mais tranquila sem o X (finado Twitter), não é mesmo?
Eu sei que tem os revoltados com a suspensão da rede social no Brasil. Mas minha saúde mental agradece por não ter uma plataforma que não se importa em obedecer às leis do nosso país. E se você pensa diferente de mim, o problema é seu.
Após mais de uma semana da suspensão do X por aqui, vamos olhar de forma mais isenta em como está a situação da rede social do Elon Musk como um todo, pois o tal banimento por aqui é apenas um capítulo de um desmoronamento da plataforma que é flagrante e acontece em diferentes regiões do planeta.
Como está o X nesse momento?
O X hoje encara uma queda generalizada no seu número de usuários e receitas de publicidade, e não podemos dizer que o impacto maior é no Brasil, que só responde por 6% da base global de ativos.
Um estudo da consultoria Statista projeta que a receita publicitária da plataforma deve cair 30%, totalizando US$ 3,31 bilhões, em comparação com US$ 4,73 bilhões no ano anterior.
A perda financeira está diretamente relacionada com a deterioração da imagem da plataforma entre profissionais de marketing e anunciantes, que cada vez mais veem o X como um espaço inadequado para promoção de marcas.
Também, pudera: o X virou o antro de discursos extremistas e da chamada “liberdade de expressão ampla e irrestrita”.
E nenhuma marca quer ter o seu produto ou serviço associado a discursos preconceituosos e antidemocráticos.
Mas Elon Musk não entende dessa forma. E azar dos investidores e acionistas do X, que precisam lidar com o afundamento da rede social em escala.
Desde que Elon Musk adquiriu o X, as crises dentro da rede social são constantes. Gigantes como Apple e Disney retiraram sua publicidade da plataforma, e motivos para isso não faltam.
Musk decidiu endossar postagens com conteúdo anti-semita e não respeitar decisões judiciais em alguns países (e respeitar em outros, onde “a soberania democrática precisavam ser respeitadas”), o que fez com que a confiança dos anunciantes simplesmente evaporasse.
É importante deixar claro que pode soar meio injusto colocar toda a culpa do cenário geral do Twitter exclusivamente nas medidas tomadas por Elon Musk.
Antes do dono da Tesla chegar, a rede social já era conhecida pelo elevado volume de notícias falsas e discursos de ódio que já estavam presentes no serviço.
O ponto é que Musk deixou tudo muito pior nos últimos dois anos, desde que ele assumiu o controle da rede social.
E o quadro geral só piora com a falta de moderação de conteúdo. Infelizmente, o X deixou de ser um ambiente seguro para marcas e usuários, o que esvaziou a rede social em vários países.
A reação do mercado de anunciantes ao “novo X”
Você pode não gostar de absolutamente nada do que estou escrevendo neste artigo, e este é um direito seu. Mas estou apenas relatando os fatos.
Nenhuma plataforma se sustenta sem uma moderação de conteúdo, pois é esse recurso que ajuda na manutenção da plataforma, dando credibilidade para usuários e anunciantes.
A eliminação das equipes de moderação na gestão Elon Musk permitiu que o X se transformasse em um campo de batalha de ódio e, em alguns casos, terreno fértil para crimes em escala.
O antigo Twitter não existe mais. O que temos hoje é um arremedo de rede social que não se importa em respeitar quem é diferente ou até mesmo as democracias estabelecidas.
E é claro que, em um cenário caótico como esse, o engajamento e a retenção dos usuários caem de forma (quase) inevitável.
A resposta do mercado às recentes polêmicas no X é, obviamente, negativa. O Gizmodo afirma quena virada de 2024 para 2025, uma nova leva de anunciantes vai suspender os seus contratos de campanha publicitária na rede social.
Profissionais de marketing indicam que a X não é mais uma prioridade, especialmente em tempos de incerteza geopolítica, como o atual conflito Israel-Hamas.
As marcas estão buscando plataformas mais seguras e confiáveis para investir, algo que o X definitivamente não é neste momento.
Enquanto Musk não entender que a moderação de conteúdo passa bem longe de ser censura, o X está fadado ao desaparecimento.
E neste cenário, Linda Yaccarino que lute.
A nova CEO do X tem a hercúlia missão de restaurar a confiança dos anunciantes e, ao mesmo tempo, se equilibrar diante das decisões polêmicas de Musk.
A pressão sobre Yaccarino para se desvincular da imagem de Musk é crescente e quase condicionante para que alguns anunciantes voltem a apostar no X.
Tanto, que muitos profissionais de marketing estão pedindo sua renúncia, acreditando que sua posição é insustentável diante do cenário caótico.
Até porque, na prática, quem manda mesmo no X é Musk. Ele está publicamente influenciando as decisões da empresa, deixando Linda em um cenário meramente decorativo.
Se Linda Yaccarino é uma mulher inteligente, abandona o X e deixa Elon Musk responder pelos seus atos. Antes que as consequências dessa insanidade toda sobrem para ela.
Porém, aparentemente, a CEO do X está alinhada com Musk, já que se uniu à ele na “declaração de guerra” contra os anunciantes que abandonaram a rede social.
Como podem ver, o X banido no Brasil passa bem longe de ser o único problema de Elon Musk nesse momento.
O mesmo pode acontecer na União Europeia em breve, já que a França quer encaminhar uma votação para adotar sanções similares ao X, por motivos parecidos que motivaram o Brasil a tomar essa decisão drástica.
Vamos ver como Elon Musk vai se comportar em relação ao Velho Continente.