Agora tá seguro comprar Intel Core? Testamos o microcódigo!
A Intel passou por uma crise de imagem com os relatos de problemas na 13ª e 14ª geração Intel Coree depois de um gerenciamento opaco da crise, demorando para reportar mais claramente qual o problema e lançar uma solução.
Em um percurso que incluiu negar a existência do problema, jogar a culpa nas parceiras de mainboards, eventualmente a empresa enfim confirmaria a existência de falhas no funcionamento dessas duas gerações do produto.
Vamos abordar neste post quais dos problemas especulados que foram realmente confirmados pela Intel, as ações da empresa para mitigar os problemas encontrados e nossos testes com os produtos após as modificações feitas pela Intel para contornar as falhas detectadas. Será que agora é seguro comprar Intel Core?
Quais os problemas
Processadores Intel Core de 13ª e 14ª geração de alta performance, aqueles com mais 65W de TDP, principalmente das linhas entusiastas final K, estão apresentando mais instabilidades que o normal, com uma quantidade maior do que a esperada em crashes e, em casos mais extremos, uma degradação prematura dos processadores.
Entre as possibilidades levantadas, a Intel confirmou a existência de uma linha inicial de fabricação com problemas de oxidação. Esses produtos não teriam a camada de material protetivo aplicado corretamente nas linhas de comunicação no PCB do processador, as linhas VIA.
Apesar do problema existir, segundo a Intel, não é algo que o consumidor deva se preocupar. Esse problema afetou apenas uma pequena quantidade de produtos da fabricação inicial da 13ª geração Intel Core. Uma parte desses CPUs foram tirados de circulação pela empresa, fazendo um recall com lojistas e OEMs.
Como o problema afetou apenas o começo da fabricação da 13ª Gen Core, e uma parte desse lote defeituoso foi recuperada, a Intel acredita que seja irrelevante a quantidade de produtos com essa falha com consumidores. A empresa segue não especificando quantidades ou números de lotes.
Agora o segundo problema é mais sério, e afeta bem mais consumidores. Os processadores de alta performance da 13ª e 14ª geração Intel Core apresentaram uma falha de operação que faz que tensão excessiva seja aplicada nos produtos.
A tensão elétrica é um dos elementos mais importantes na regulação da operação de um processador. Seu ajuste pode ser usado para melhorar o funcionamento dos processadores, seja tanto na sua redução da tensão (o undervolt, que tratamos aqui) para reduzir aquecimento, seja para o aumento de tensão para buscar frequências mais agressivas e performance mais alta.
Mas a tensão elétrica é um dos elementos mais críticos de ajustes em um computador. Baixar demais faz o computador operar instável, com potenciais crash dos programas ou até travamento completo do PC. Mas colocar tensão demais causa outro problema: degradação do chip.
A degradação é um processo onde o chip não é mais capaz de manter suas capacidades de operação. Ele começa a não operar mais estável em uma determinada frequência, apresenta aquecimento e demandas de tensão cada vez maiores ou, em casos mais graves, apresenta mais travamentos ou pode até parar de funcionar totalmente.
O desgates de um microchip operando em padrões seguros fazem com que um processador tenha uma validade indeterminada. Você vai querer trocar seu processador por um melhor muito antes de ele apresentar qualquer sinal de estar estragando.
Mas aplicar tensão elétrica muito alta pode acelerar esse processo, e esse parece ser o problema por trás dos índices anormais de falha de nesses CPUs.
A solução
Para resolver o problema, a Intel desenvolveu um novo microcódigo. O microcódigo é um componente de software que pode ser atualizado, e trás instruções essenciais sobre o funcionamento do processador. Entre as mudanças que podem ser feitas, a Intel pode definir um novo algoritmo e regras para quanta tensão elétrica vai ser oferecida ao processador em determinados cenários de uso.
O novo microcódigo com a solução é o 0X129. Ele vai limitar requisições de mais de 1.55V como uma forma de mitigar o problema da degradação, como um representante da Intel descreve a atualização em um post no Intel Community.
E onde eu vejo o microcódigo em uso no meu PC? Tem dois lugares para ver isso de forma gratuita. O primeiro é o software de overclock da Intel, o Intel Extreme Tunning Utility, o Intel XTU. Vocês podem baixar ele através deste link.
Link para download do Intel Extreme Tunning Utility
O segundo é o Intel Processor Identification Utility. Ele também é gratuito, e trás um software que identifica todos os principais elementos de operação de seu produto Intel Core, incluindo o microcódigo em uso.
Link para download do Intel Processor Identification Utility
Onde eu atualizo meu PC?
A atualização do microcódigo é feito via software da placa-mãe. Então fique de olho em novas versões de BIOS em seu computador de mesa. Em máquinas montadas e notebooks, isso pode ser feito através de atualizações de firmware, muitas vezes feitas através do aplicativo utilitário da empresa que montou sua máquina.
Você deve fazer esse update o quanto antes. A alta tensão de operação acaba funcionando parecido com um problema de pressão alta, no corpo humano. Pode não trazer sintomas claros de forma imediata, mas vai causando danos que, quando mostram seus sinais, já trazem uma degradação grande para seu corpo, ou nesse caso, seu processador.
E se não chegou o update para sua máquina? Dá para mitigar isso usando um offset na tensão do processador. Neste vídeo mostramos como faz essa configuraçãoe resumindo, o que fazemos é dizer para o sistema entregar menos tensão elétrica do que o algoritmo original de operação. Tirando alguns milivolts, fazemos com o que o pico não aconteça mais em um ponto crítico de danos para o silício.
Mas dar menos tensão elétrica afeta o funcionamento do seu produto? Hora de rodar uns testes!
Mudou a tensão elétrica?
Para verificar a mudança na operação de um processador com o microcódigo antigo versus o novo, vamos usar uma bancada high-end e um CPU exigente, o Intel Core i9-14900K. Vamos rodar com o microcódigo 00X123, anterior às correções, e o 00X129, que já possui o dispositivo que evita os picos exagerados de tensão elétrica.
Sistema utilizado
- Processador Intel Core i9-14900K
- Gigabyte AORUS XTREME X Z790
- Memórias: 32GB (2x16GB) Kingston Fury RGB @5600MTS
- SSD: 500GB para sistema e 2TB para games
- Cooler NZXT Kraken Elite 360 RGB Branco
- Fonte de energia (PSU): Cooler Master V850
Benchmarks – novo microcódigo
Mas e se meu processador já estragou?
Uma das nossas críticas em relação a essa crise toda foi a falta de celeridade da Intel em identificar o problema e, depois, de resolvê-lo. Isso faz com que muitos consumidores estejam com um produto que operou muito tempo em um possível cenário de degradação do silício.
Para mitigar esse problema, a Intel ampliou sua garantia para 5 anos, com efeito global, ou seja, inclui o Brasil. Se você comprou um processador separadamente, deve acionar a garantia através da própria Intel, ou se comprou um sistema montado, fazer esse caminho via a integradora da sua máquina.
Essa solução resolve tanto os produtos suspeitos de degradação prematura devido a alta tensão, quanto os potenciais processadores afetados por uma oxidação das linhas de conexão de cobre causadas pela falha de fabricação, e torna mais seguro voltar a recomendação da compra de processadores, já que parece seguro comprar Intel Core novamente.